A Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) formou em 2025 o primeiro aluno cego no curso de Ciência da Computação. Gustavo Hanke, agora egresso do curso realizado no campus Cascavel, ingressou na faculdade ainda durante a pandemia de Covid-19, no final de 2021, e se dedicou aos estudos ao longo os quatro anos de graduação, mostrando excelente desempenho. Ele é natural de Marechal Cândido Rondon e agora corre atrás de oportunidades no mercado de trabalho.
A formatura só foi possível porque a Unioeste conta com o Programa de Ensino Especial (PEE), que disponibiliza um professor de Atendimento Educacional Especializado (AEE) com papel de mediador ao acadêmico com deficiência e transtornos. O professor acompanhou o aluno dentro da sala de aula e trabalhou na adaptação de material e transcrição de algo que era passado em sala de aula. No caso do Gustavo, um professor do PEE o acompanhou do primeiro ano até parte do terceiro.
O acesso e a permanência nos sistemas de ensino para todas as pessoas é um direito. Na Unioeste, esse atendimento é realizado de acordo com o perfil de cada acadêmico, ou seja, o docente precisa conhecer a condição do acadêmico, bem como suas necessidades educacionais, e a partir do diagnóstico o profissional elabora estratégias e selecionará recursos variáveis para auxiliar durante a graduação.
Gustavo conta que não enfrentou muita dificuldade porque os professores se colocaram à disposição no que era preciso. “O processo em si foi muito tranquilo, eu não tive muito problema porque os professores deste curso estavam sempre muito dispostos a tentar me ajudar. Tive matérias muito complexas para ensinar para uma pessoa com deficiência visual, como geometria analítica, por exemplo, que envolve figuras tridimensionais, então acabei precisando de um acompanhamento e apoio didático de um professor, mas os professores estavam dispostos a fazer isso”, disse.
Muito dedicado e com um alto potencial intelectual, Gustavo chamou a atenção de muitos professores do curso, incluindo Adair Santa Catarina, que conta avalia as habilidades cognitivas e Gustavo além do “normal”. “Sua capacidade de imaginar e compreender conceitos espaciais (no caso de Computação Gráfica) excedeu a de muitos alunos. Dessa forma ele compreendeu os algoritmos da Computação Gráfica, de modo que o resultado visual pode ser alcançado, mesmo sem possuir este sentido”, afirmou.